quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Primeira Batalha de Confetes do Mercado Cultural: só não brincou quem já morreu!


Foto: reprodução TV/Rondônia


Apesar de todas as imperfeições e improvisos, a Primeira Batalha de Confetes do Mercado Cultural, localizado no centro histórico de nossa urbe, temperou risonha e coloridamente o sabor do carnaval de Porto Velho. Comandada pelos magos do Pirarublues, Sandro & Gioconda, com teclado de Alkbal, a folia atraiu várias dezenas de brincantes e mostrou que tem potencial para ser uma pândega momesca das mais graciosas e prestigiadas da capital. A dupla de cantores não é especializada no puxamento de samba e marchas, mas tem cacife e alegria na voz e no coração para servir de âncora e puxar intérpretes que realmente são do ramo, como Bainha, Toninho Tavernard, Hudson Mamehd, Coimbra e muitos outros.

A decoração do ambiente carnavalesco não ficou a desejar, mas postou-se à altura da entre safra da administração Roberto Sobrinho para a gestão Mauro Nacif: tímida e modesta, meio perdida, carente de esplendor mas cônscia do seu mister naquela arena de baco, vamos dizer assim. O público e os artistas, pela importância histórica do evento, mereciam coisa melhor. Mas tendo em conta que foi a primeira vez, dá pra deixar passar. A voz super rouca do Bainha, no entanto, não permitiu ao mestre mostrar todo seu traquejo vocal e experiência de quem sabe tudo do reinado de Momo, empanando os ouvidos da platéia, que não entendia bulufas do que estava sendo cantado. Toninho Tavernard, com voz brilhante e clara, fez uma oportuna intervenção vocal e sacudiu a galera. Enquanto os brincantes comemoravam a idéia inusitada de levar a troça para dentro do Mercado Cultural, a banda desfiava a fina flor das marchinhas bem brasileirinhas, tradicionais e autênticas, provocando um frenesi em canto coral e movimentos coreográficos típicos de um belo baile de carnaval. De vez em quando, é verdade, o andamento do único surdo de marcação despencava muito, esfriando o entusiasmo do furdunço, mas logo o percussionista Neguinho Rafael entrava em ação e jogava lenha na fogueira, aquecendo o palpitar do ritmo e levando os foliões à loucura. Acudia também o bom andamento a bateria comandada por Telêmaco, que fez das tripas coração para dar calor e ardência ao balanço do trem da folia. O saudosismo embriagou a alma de todo mundo, evocando no baú de memórias dus dy dentro (os minhocas) lembranças de Dona Marise Castiel, Bola Sete, Bloco do Sol, Bloco da Chuva, Waldemar Cachorro, Piriquito, Bloco da Cobra, Babá, Genésio e o encontro de paz das bandinhas improvisadas, ao raiar do dia, na Praça Marechal Rondon (irresponsavelmente chamada de “praça do baú” pelo zé-povinho alienado) Quantos risos, quanta alegria!!

O Mercado Cultural, todo sabem, feito às pressas e numa ânsia de faturamento político sem precedente, pela administração Roberto Sobrinho, foi construído a toque de caixa, sem muita análise e avaliação, e sem nenhum respeito às edificações históricas que estavam de pé. Por isso, durante o picadeiro da Batalha de Confetes, a temperatura transformou o ambiente num verdadeiro forno microondas, pela falta de um sistema de ventilação para dar um pouco de conforto aos brincantes e contribuintes deste município. A idéia da brincadeira – dizem – é de autoria de Sandro Barcerlar. As Batalhas de Confete, ou Batalha de Flores, existem desde meados do século 19. Mas já que nova burocra ia da Fundação Iaripuna não percebeu o ób vio ululante, a ponto de colocar a idéia em pauta, fê-lo Sandro Barcelar como gancho para promover uma grande e divertida fuzarca na cópia do antigo Mercado Central do Território Federal de Rondônia. E acertou no milhar, o cantante beradeiro. O baile teve casa cheia, com gente vazando pelo ladrão. A alegria transbordou para todos os quadrantes. O povo gostou e dançou. O Bar do Zizi e o Café com Arte faturaram tudo que tinham direito. A folia reinou absoluta até o entoar das doze badaladas, quando os clarins aunciaram o fim do animado conto de fada. Na Primeira Batalha de Confetes do Mercado Cultural só não brincou quem já morreu! Que a administração Mauro Nacif mostre a que veio e organize uma produção bem melhor ano que vem.

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Texto de Antonio Serpa do Amaral Filho (Basinho)

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