segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Parênteses - Crítica de "Tropeço" - Por: Jória Lima

Texto, concepção, direção e atuação: Dico Ferreira e Katiane Negrão

O Teatro de formas animadas tem por característica dar vida ao objeto inanimado. O espetáculo apresentado na noite de domingo, Tropeço do grupo Tato Criação Cênica do Paraná, foi além, deu vida nova a todos os espectadores que tiveram o privilégio de assistir ao espetáculo mágico, envolvente, emocionante. Ao lado da técnica apurada e do encantamento em ver as mãos dos atores transformadas em figuras humanas perfeitas, a originalidade da temática também surpreendeu, o amor na velhice.

Tratar da velhice através de um teatro de formas animadas já seria raro, do amor na velhice já se torna surpreendente e mais ainda, do amor homossexual na terceira idade, foi inovador e de profundo teor humanitário. Afinal, como disse a atriz Katiane Negrão: os homossexuais também envelhecem e os velhos continuam amando! Iluminado à luz de velas sobre castiçais em miniatura, o efeito de luz e sombras sobre as formas das mãos e tecidos e dos pequenos objetos transportaram a mente para um universo onírico onde o material se torna imaterial e transcendente.

A utilização do gramelot ao invés de palavras trouxe um tom cômico que acentuava ainda mais o temperamento de cada personagem e suas variações emotivas. O espetáculo foi aplaudido várias vezes em cena aberta revelando a aprovação e o envolvimento do público. Ao falar sobre a escolha do nome Tropeço, Katiane, esclareceu que a partir de um pequeno tropeço ela e o ator Dico Ferreira, seu parceiro de palco, começaram a conversar sobre o assunto e bem diante de seus olhos, na rua, uma moto que não conseguiu fazer a curva entrou numa perua Kombi, um terrível acidente, e então, eles consideraram que este sim, seria um grande tropeço. A partir daí concluíram que o maior tropeço que acontece na vida de um ser humano é a própria morte, um desvio inesperado de uma trajetória, surgeassim, o tema central do trabalho. O público muito emocionado saiu do espetáculo renovado, os artistas assim como eu, sentiram orgulho de fazerem parte dessa grande família de teatrantes, desses utópicos desbravadores de almas, independente das formas que estejam temporariamente ocupando. Em uma só palavra ao grupo: obrigada! Para quem não teve a oportunidade de assistir ao trabalho do grupo Tato ontem pode e deve conferir esta noite no SESC Esplanada o espetáculo E se... outra criação do grupo. Bom espetáculo! E DESLIGUEM SEUS CELULARES!!!!!!


Fonte: Jória Lima
Fotos: Eliane Viana

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