Rômulo Avelar esteve aqui em PVH o ano passado, pelo projeto Sempre um Papo e, por isso, posso dizer: Rômulo é "o" cara. rsrs
Pra quem se interessa pelo tema, indico a leitura do livro "O avesso da cena".
Conheça o Romulo e o "Orgulho de Minas" aqui!
.
.
Romulo Avelar é produtor e gestor cultural, viaja todo o Brasil dando cursos e palestras sobre o tema. É assessor do Grupo Galpão e do Grupo do Beco, e já passou por várias empresas como a Fiat e MBR, foi superintendente de cultura de Contagem, diretor de promoção da Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes e presidente da Comissão Técnica de Análise de Projetos da Lei de Incentivo à Cultura. Romulo é autor do livro “O Avesso da Cena – notas sobre produção e gestão cultural”, da editora Duo Editorial, realizado com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Com muito para ensinar e opinar sobre o tema, ele falou em entrevista como anda o setor cultural no país, o que melhorou e o que ainda precisa caminhar.
Por que escrever um livro sobre gestão cultural?
RA: Estudei na primeira escola de produção cultural que surgiu no Brasil, a Ecoar, no Rio de Janeiro. E sempre percebíamos a falta de bibliografia na área. Trabalhávamos muito com recortes de jornal, mas não tinha muita informação. Acho que com o tempo avançamos com os textos de marketing cultural, política cultural etc. Mas a prática da produção, o dia-a-dia quase não existia. Sempre dei cursos de gestão cultural e vivia dizendo que alguém precisava escrever sobre o assunto… Até que me perguntei se eu mesmo não podia passar isso para um livro. Fiquei cinco anos escrevendo, desde 2003.
E como chegou a esse formato de entrevistas e detalhamentos da prática?
RA: Primeiro fiz um esqueleto com o que eu achava importante relatar. Tentei registrar todas as experiências que tinha e fui preenchendo lacunas com entrevistas de profissionais da área. Ao todo foram 53 pessoas de diferentes estados. A proposta é que fosse um livro com olhar prático, por isso inclui planilhas, roteiros de produção, check-list, mapas de palco, luz etc. Mas que não fosse simplesmente um manual. Há no texto uma visão crítica, o que penso sobre a área e os problemas que enfrentamos. Fiz questão de dar esse foco. Escrevi pensando nos alunos dos cursos que ministrei, pessoas que encontram dificuldade e dúvidas no dia-a-dia. Muita gente que tenta produzir pelo interior do país, mas com pouca experiência prática. E também para os leigos, achava importante apresentar para as pessoas esse universo da produção, como é a gestão de um teatro, a produção de um grupo ou de um CD, por exemplo.
Você esperava esse retorno do livro?
RA: Para minha surpresa, muitos profissionais com experiência na área têm lido o livro e comentado. Não era esse o foco inicial, mas foi uma boa surpresa. Essa é uma área que vem crescendo muito, vários cursos estão surgindo em todo país, em todos os níveis de graduação, mestrado, doutorado etc. Acabei rodando vários estados brasileiros dando cursos e palestras. Estive no Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Roraima e daí por diante. Em Minas Gerais, fui a várias cidades. Há uma grande carência de informação sobre o assunto. E essa é uma área que está crescendo muito rapidamente e faltam profissionais qualificados. Por isso, é fundamental que haja uma profissionalização. É um grande campo de trabalho.
E qual o principal questionamento das pessoas dentro desse tema?
RA: A maior preocupação é com a captação de recursos. Mas eu sempre tento puxar para outro lado a conversa. As pessoas estão excessivamente focadas na capacitação de recursos, mas o desafio está na gestão. Falta habilitação em gestão. Recursos são mal investidos ou se perdem. A área cultural precisa se apropriar de ferramentas de administração como planejamento estratégico, logística, gestão de qualidade, marketing de relacionamento etc. Estamos lidando com uma empresa que precisa ser bem gerida. Acho que muita gente ainda acha que tudo acontece como num passe de mágica. Olham só o espetáculo e não enxergam a legião de anônimos que está nos bastidores.
Os grupos ainda têm profissionais que acumulam funções?
RA: Sim, os menores têm um produtor que acumula isso. No livro faço uma distinção do produtor, que vai trabalhar o produto, a linha de frente do espetáculo. E o gestor, que é a retaguarda, o planejamento, a relação com o público. Isso ainda não é uma realidade, mas acho necessário.
As leis de incentivo a cultura são a base do setor.Quanto disso é bom e quanto é negativo?
RA: Sim, costumo dizer que o setor está ancorado nas leis de incentivo. O que é positivo, no sentido de que elas injetaram recursos na cultura que diferentemente talvez não existissem. O que possibilitou a expansão que estamos acompanhando. O delicado é que o Estado entrega para a iniciativa privada a decisão do que será produzido ou não. O que é uma grande distorção. Acho importante a existência de fundos culturais que também beneficiem os pequenos grupos. As empresas tendem a investir no que está dentro da lógica do mercado. O Estado pode distribuir melhor, inclusive geograficamente, os recursos.
Você diz que além de características técnicas, o bom gestor cultural precisa ter sensibilidade com o que o cerca. Isso seria o que?
RA: É preciso fortalecer a cena local. Temos um país com imensa diversidade cultural e precisamos de gestores e produtores culturais que tenham sensibilidade para valorizar o que existe do lado deles. Temos uma certa massificação da cultura. Precisamos de profissionais que saibam identificar as riquezas locais e ressaltar essa diversidade.
Por que escrever um livro sobre gestão cultural?
RA: Estudei na primeira escola de produção cultural que surgiu no Brasil, a Ecoar, no Rio de Janeiro. E sempre percebíamos a falta de bibliografia na área. Trabalhávamos muito com recortes de jornal, mas não tinha muita informação. Acho que com o tempo avançamos com os textos de marketing cultural, política cultural etc. Mas a prática da produção, o dia-a-dia quase não existia. Sempre dei cursos de gestão cultural e vivia dizendo que alguém precisava escrever sobre o assunto… Até que me perguntei se eu mesmo não podia passar isso para um livro. Fiquei cinco anos escrevendo, desde 2003.
E como chegou a esse formato de entrevistas e detalhamentos da prática?
RA: Primeiro fiz um esqueleto com o que eu achava importante relatar. Tentei registrar todas as experiências que tinha e fui preenchendo lacunas com entrevistas de profissionais da área. Ao todo foram 53 pessoas de diferentes estados. A proposta é que fosse um livro com olhar prático, por isso inclui planilhas, roteiros de produção, check-list, mapas de palco, luz etc. Mas que não fosse simplesmente um manual. Há no texto uma visão crítica, o que penso sobre a área e os problemas que enfrentamos. Fiz questão de dar esse foco. Escrevi pensando nos alunos dos cursos que ministrei, pessoas que encontram dificuldade e dúvidas no dia-a-dia. Muita gente que tenta produzir pelo interior do país, mas com pouca experiência prática. E também para os leigos, achava importante apresentar para as pessoas esse universo da produção, como é a gestão de um teatro, a produção de um grupo ou de um CD, por exemplo.
Você esperava esse retorno do livro?
RA: Para minha surpresa, muitos profissionais com experiência na área têm lido o livro e comentado. Não era esse o foco inicial, mas foi uma boa surpresa. Essa é uma área que vem crescendo muito, vários cursos estão surgindo em todo país, em todos os níveis de graduação, mestrado, doutorado etc. Acabei rodando vários estados brasileiros dando cursos e palestras. Estive no Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Roraima e daí por diante. Em Minas Gerais, fui a várias cidades. Há uma grande carência de informação sobre o assunto. E essa é uma área que está crescendo muito rapidamente e faltam profissionais qualificados. Por isso, é fundamental que haja uma profissionalização. É um grande campo de trabalho.
E qual o principal questionamento das pessoas dentro desse tema?
RA: A maior preocupação é com a captação de recursos. Mas eu sempre tento puxar para outro lado a conversa. As pessoas estão excessivamente focadas na capacitação de recursos, mas o desafio está na gestão. Falta habilitação em gestão. Recursos são mal investidos ou se perdem. A área cultural precisa se apropriar de ferramentas de administração como planejamento estratégico, logística, gestão de qualidade, marketing de relacionamento etc. Estamos lidando com uma empresa que precisa ser bem gerida. Acho que muita gente ainda acha que tudo acontece como num passe de mágica. Olham só o espetáculo e não enxergam a legião de anônimos que está nos bastidores.
Os grupos ainda têm profissionais que acumulam funções?
RA: Sim, os menores têm um produtor que acumula isso. No livro faço uma distinção do produtor, que vai trabalhar o produto, a linha de frente do espetáculo. E o gestor, que é a retaguarda, o planejamento, a relação com o público. Isso ainda não é uma realidade, mas acho necessário.
As leis de incentivo a cultura são a base do setor.Quanto disso é bom e quanto é negativo?
RA: Sim, costumo dizer que o setor está ancorado nas leis de incentivo. O que é positivo, no sentido de que elas injetaram recursos na cultura que diferentemente talvez não existissem. O que possibilitou a expansão que estamos acompanhando. O delicado é que o Estado entrega para a iniciativa privada a decisão do que será produzido ou não. O que é uma grande distorção. Acho importante a existência de fundos culturais que também beneficiem os pequenos grupos. As empresas tendem a investir no que está dentro da lógica do mercado. O Estado pode distribuir melhor, inclusive geograficamente, os recursos.
Você diz que além de características técnicas, o bom gestor cultural precisa ter sensibilidade com o que o cerca. Isso seria o que?
RA: É preciso fortalecer a cena local. Temos um país com imensa diversidade cultural e precisamos de gestores e produtores culturais que tenham sensibilidade para valorizar o que existe do lado deles. Temos uma certa massificação da cultura. Precisamos de profissionais que saibam identificar as riquezas locais e ressaltar essa diversidade.
.
Foto: Divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Contribua com o seu verso aqui: